Sobre este tempo de retiro
A semana passada foi um grande desafio lá na escola. Muitas decisões repentinas, muita responsabilidade, por um lado a importância de não entrar em pânico, por outro a responsabilidade de fazer o acertado, mesmo sem saber muito bem o que seria isso. Bom, essa parte já lá vai, as decisões foram tomadas e os ajustes estão em andamento.
Temos de ter respeito por este vírus, mas o que observo não é respeito, é medo, e o medo no ser humano torna-o insensato, cruel e egoista, tenho-o observado na realidade atual e isso, sim, deixa-me mesmo desanimada.
Todos nós vamos morrer, sabemos disso assim que começámos a ter alguma consciência do mundo, mas não pensamos nisso a toda a hora, e assim usufruímos do facto de estarmos vivos.
Mesmo com todos os cuidados que estamos a ter, muitos de nós acabaremos por adoecer e, nessa altura, procuraremos dar o nosso melhor para ultrapassar essa realidade. Por enquanto, e tentando não contagiar ninguém até lá, vamos ter de viver com restrições, mas sem medo.
Usem esta fase como um desafio. Os desafios mantêm o ser humano motivado. E temos tantos desafios pela frente. Posso enumerar alguns dos meus: o desafio de manter os meus alunos ativos; o desafio de manter a minha família saudável, física e emocionalmente; o desafio de tornar a nossa casa um lugar funcional e agradável para cada membro desta família, com tantas personalidades diferentes, e o desafio de trabalhar em casa no meio de toda a agitação que é gerada por estarem sempre 4 pessoas em casa.
Cá por casa, para organizar as nossas rotinas e para esclarecer bem todos os membros da família de qual vai ser o nosso estilo de vida nestas semanas, resolvi, como já é hábito, marcar uma reunião de família.
Nessa reunião decidimos o tempo para estudar, o tempo para as tarefas domésticas, o tempo de lazer pessoal, o tempo de lazer familiar, o tempo das atividades físicas e as regras sociais adoptadas durante este período. Mesmo com bastante discussão à mistura, lá chegámos a um acordo.
Eu acho que este tempo de crise, que obriga a este retiro, tem muitos contras, é óbvio, mas também nos pode ensinar muita coisa e pode desenvolver capacidades inexploradas. Por exemplo, pode despertar a nossa criatividade. É quando não temos nada para fazer que a nossa cabeça começa a trabalhar noutros sentidos e a inventar novos caminhos.
É importante inventar atividades para entreter os membros da família, mas também é importante o tédio e as criatividades que pode gerar.
Cá em casa, no primeiro dia, quando começaram a ficar entediados, aconteceu isto:


Também resolvi ajustar a casa para as novas atividades dentro de portas.
A nossa sala já era um bocadinho sala de jogos, mas agora é uma super sala, vejamos:
- A mesa de jantar vai-se transformando em mesa de ping-pong, mesa de snooker e mesa de trabalho e artes plásticas;
- O canto da música está mais ativo: temos piano, bateria, baixo, guitarra, microfone e mesa de mistura;
- Também temos uma biblioteca diversificada;
- Numa das varandas da sala, montou-se uma esplanada (reutilizando o chapéu da praia e usando uma mesa que serve o escritório, e que já foi fruto de uma reciclagem);
- Na mesma sala desenha-se também um estúdio de dança (arrastámos e encostámos o sofá, e as cadeiras e mesas passam a ser barras);
- Também é sala de cinema;
- Sala de jogos virtuais;
- E, por fim, sala de convívio.
Tornar o espaço mais versátil, pode ser um desafio, mas vale bem a pena poder proporcionar a todos uma diversidade de atividades, nestes tempos, dentro de casa.
Fica aqui um bocadinho do que se passa na nossa sala, quando os filhos ajudam a mãe a ajudar os seus alunos a manterem a atividade física. Obrigada ao Mateus que se disponibilizou a ser filmado e à Ísis que tem feito as montagens de todos os meus vídeos.
Divirtam-se...